Estória das Mil e Uma Noites.
Era uma vez uma cidade muito pequena, fincada ao pé da serra, decantada em verso e prosa por grandes poetas e escritores. Um dia, apareceu um grande ilusicionista, montado num tapete voador e usando turbante negro, enviado pelo Governador da província.
O povo da cidade fez roda para ouvi-lo. Suas palavras pareciam ser embebidas em vinho, porque todos ficavam tontos, embriagados com as promessas e extasiados diante de tanta sabedoria.
De início alguns ficaram cabreiros, mas a grande maioria ficou encantada. Tornaram-se seguidores, defensores de suas ideias, cegos diante da verdade. E o idolatraram como quem idolatra a um Deus.
E o mago prometia castelos no pé da serra com elevadores panorâmicos e muita diversão nas noites da bucólica cidade. E sem consciência o povo bancava as festas e orgias do mago, que de início eram mais populares e que com o tempo foram se restringindo a uma pequena minoria.
Mesmo assim, o povo continuava encantado, como ficaram os ratos e meninos que ouviam a melodia da flauta naquele outro conto da flauta mágica, e alienados foram conduzidos a um grande abismo, onde como ratos foram jogados. Não tinham mais salário, nem aposentadoria, nem saúde, nem educação, nem circo e nem pão.
Bem poucos escaparam do quebranto, e essa minoria foi pisoteada, ridicularizada, diminuída, mas mesmo assim, não desistiu de salvar seu reino.
Os que caíram no abismo, com a queda também saíram do transe e resolveram se unir, e fizeram uma escada, um em cima do ombro do outro até chegarem à beira do abismo, e lá, a minoria deu a mão e todos foram içados.
Do outro lado, o mago cego de raiva, com os olhos vermelhos, com cifrões no lugar de pupilas, esbravejava. O tapete não mais voava. Como simples mortal, após perder o poder, sem poder mais viver sem toda a pompa que o dinheiro dos cofres públicos da cidade oferecia, saiu escondido, na calada da noite, para muito além, à procura de outro reino ingênuo para se apossar e dilapidar.
Aos moradores da cidade enganada, ficou o trabalho de tapar os buracos, de construir tudo que foi pago e não foi feito. Ficou também a lição. “Cuidado com os lobos vestidos de cordeiro. É preciso conhecer, investigar o passado, porque depois de se colocar, fica quase impossível tirar. È preciso cautela. Olhos abertos e investigação.”
Um comentário:
Muito bom seu texto Aninha, adorei, está a altura dos textos do Sendeiro.
Continue editando textos desta formalidade.
Abraços!
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